quinta-feira, 27 de junho de 2013

2 conceitos 2 instrumentos 1 tecnologia


O mundo mudou e o sistema de educação revela dificuldades de adaptação às novas realidades sociais e psicológicas. Emergem palavras chave como criatividade e motivação mas também respeito e disciplina. Como conjugá-los, permitindo aos jovens conquistar o equilíbrio necessário aos desafios do séc. XXI ?

O séc. XX privilegiou aspectos externos do conhecimento, focando-se em resultados e comportamentos, aos quais correspondem verbos como ter e fazer  (opção que objectiva certos aspectos da realidade, torna-os mensuráveis e tenta homogeneizá-los para controlar o desenvolvimento da sociedade). Mas tanto as salas de aula como as ruas mostram uma eloquente insatisfação e um desequilíbrio que não será resolvido enquanto também não dermos atenção aos aspectos internos do conhecimento humano. O que está antes do comportamento, antes do Fazer, antes do Ter: o enfoque no Ser.    

A noção de identidade, individual e colectiva, estrutura a percepção do Ser. Para que o Ser se possa auto-conceber e exprimir plenamente, é necessário convocar os dois grandes sistemas operativos do cérebro: pensar e sentir. A forma como pensamos estrutura a nossa relação com a realidade mas a forma como sentimos também; é a partir dessa interacção que vamos moldando a nossa vida. Quanto mais se perceber e se sentir a si próprio, mais facilidade terá um indivíduo em se relacionar harmoniosamente com os outros: conceber a diferença em termos de complementaridade e cooperação.


ORQUESTRA de PALAVRAS
S I S T E M A   A R T Í S T I C O   E   P E D A G Ó G I C O

2  C O N C E I T O S     2  I N S T R U M E N T O S    1  T E C N O L O G I A

Este sistema baseia-se em dois conceitos: Imaginação Sensível & Consciência Criativa.
A Imaginação Sensível é a capacidade de produzir representações mentais internas acompanhadas de uma experiência sensorial directamente associada.
A Consciência Criativa é a capacidade de reconhecer os processos criativos (operados em conjunto pela mente e pelos receptores sensoriais espalhados pelo corpo) através dos quais combinamos os estímulos que moldam a nossa percepção da realidade.

Se atingirmos um certo grau de concentração (oposto: desconcentração) e descontracção (oposto: contracção), podemos reparar naquilo que estamos a sentir durante o acto de imaginar determinada coisa. Quando descrevemos esse processo, quando o verbalizamos, as áreas do néocortex responsáveis pelo pensar e pelo sentir são postas em interacção através do corpo caloso, activando o nível de consciência de si imediatamente superior. Tal como o hidrogénio e o oxigénio (ambos no estado gasoso) se podem combinar produzindo água (estado líquido), o pensar e o sentir combinam-se de modo a “saltar” para um nível de realidade que não estava presente nas suas isoladas premissas. O exercício produz uma experiência interna que permite juntar à dimensão abstracta do significado uma outra camada, uma sensação individual concreta, e as duas culminam num sentido: um pensamento-sensação que organiza a experiência vivida pelo sujeito.

Utilizar a tecnologia da escrita e da leitura para registar estes processos de imaginação e sensibilidade aos estímulos internos “obriga” o cérebro a ligar os terminais que temos tendência a separar, criando coesão perceptiva. É uma forma de meditação activa, artística e terapêutica, no sentido em que a expressão da alma tem a faculdade de nos acalmar.

A Sensorialização Verbal é a capacidade de interligar o universo verbal e o sensorial, isto é, por um lado, sentir os efeitos da vibração da palavra no corpo; e, por outro, converter as sensações corporais em elementos verbais. E ainda decodificar e registar, sempre através do verbo, a interligação das impressões vindas dos diferentes sentidos, como a côr de um cheiro ou o sabor de um gesto, que vulgarmente designamos por sinestesias. 

A Desprogramação Operacional consiste em fazer as operações a que estamos habituados mas de forma diferente, por vezes aparentemente absurda, obrigando o individuo a olhar ou sentir um determinado universo começando por um outro ponto de partida. Esta atitude, aplicada a diferentes exercícios, abre espaços que enfraquecem as rotinas sinápticas, permitindo novas possibilidades de leitura do mundo.

Todos estes conceitos presidem aos jogos-exercícios do sistema ORQUESTRA de PALAVRAS, num ambiente de concentração descontraída que privilegia a dimensão lúdica e afectiva como motor da criatividade e do conhecimento literário e humano.

http://en.calameo.com/read/002523909e03f34bdbbe4






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