O mundo mudou e o sistema de educação
revela dificuldades de adaptação às novas realidades sociais e psicológicas.
Emergem palavras chave como criatividade e motivação mas também respeito e
disciplina. Como conjugá-los, permitindo aos jovens conquistar o equilíbrio
necessário aos desafios do séc. XXI ?
O séc. XX privilegiou aspectos externos do conhecimento, focando-se em
resultados e comportamentos, aos quais correspondem verbos como ter e fazer (opção que objectiva certos
aspectos da realidade, torna-os mensuráveis e tenta homogeneizá-los para controlar
o desenvolvimento da sociedade). Mas tanto as salas de aula como as ruas
mostram uma eloquente insatisfação e um desequilíbrio que não será resolvido
enquanto também não dermos atenção aos aspectos internos do conhecimento humano. O que está antes do comportamento, antes do Fazer, antes do Ter: o enfoque no Ser.
A noção de identidade, individual e
colectiva, estrutura a percepção do Ser. Para que o Ser se possa auto-conceber
e exprimir plenamente, é necessário convocar os dois grandes sistemas
operativos do cérebro: pensar e sentir. A forma como pensamos estrutura a nossa
relação com a realidade mas a forma como sentimos também; é a partir dessa
interacção que vamos moldando a nossa vida. Quanto mais se perceber e se sentir
a si próprio, mais facilidade terá um indivíduo em se relacionar harmoniosamente
com os outros: conceber a diferença em termos de complementaridade e
cooperação.
ORQUESTRA de PALAVRAS
S I S T E M A A R T Í
S T I C O E P E D
A G Ó G I C O
2 C O N C E I T O S 2 I N S T R U M E N T O S 1 T E C
N O L O G I A
Este
sistema baseia-se em dois conceitos: Imaginação Sensível & Consciência
Criativa.
A
Imaginação Sensível é a capacidade de produzir representações
mentais internas acompanhadas de uma experiência sensorial directamente
associada.
A
Consciência Criativa é a capacidade de reconhecer os processos
criativos (operados em conjunto pela mente e pelos receptores sensoriais
espalhados pelo corpo) através dos quais combinamos os estímulos que moldam a
nossa percepção da realidade.
Se
atingirmos um certo grau de concentração (oposto: desconcentração) e descontracção
(oposto: contracção), podemos reparar naquilo que estamos a sentir durante o
acto de imaginar determinada coisa. Quando descrevemos esse processo, quando o
verbalizamos, as áreas do néocortex responsáveis pelo pensar e pelo sentir são
postas em interacção através do corpo caloso, activando o nível de consciência
de si imediatamente superior. Tal como o hidrogénio e o oxigénio (ambos no
estado gasoso) se podem combinar produzindo água (estado líquido), o pensar e o
sentir combinam-se de modo a “saltar” para um nível de realidade que não estava
presente nas suas isoladas premissas. O exercício produz uma experiência
interna que permite juntar à dimensão abstracta do significado uma outra camada, uma sensação individual concreta, e
as duas culminam num sentido: um
pensamento-sensação que organiza a experiência vivida pelo sujeito.
Utilizar
a tecnologia da escrita e da leitura para registar estes processos de imaginação e
sensibilidade aos estímulos internos “obriga” o cérebro a ligar os terminais
que temos tendência a separar, criando coesão perceptiva. É uma forma de
meditação activa, artística e terapêutica, no sentido em que a expressão da
alma tem a faculdade de nos acalmar.
A
Sensorialização Verbal é a capacidade de interligar o universo verbal e
o sensorial, isto é, por um lado, sentir os efeitos da vibração da palavra no
corpo; e, por outro, converter as sensações corporais em elementos verbais. E
ainda decodificar e registar, sempre através do verbo, a interligação das
impressões vindas dos diferentes sentidos, como a côr de um cheiro ou o sabor
de um gesto, que vulgarmente designamos por sinestesias.
A
Desprogramação Operacional consiste em fazer as operações a que estamos
habituados mas de forma diferente, por vezes aparentemente absurda, obrigando o
individuo a olhar ou sentir um determinado universo começando por um outro
ponto de partida. Esta atitude, aplicada a diferentes exercícios, abre espaços
que enfraquecem as rotinas sinápticas, permitindo novas possibilidades de leitura
do mundo.
Todos
estes conceitos presidem aos jogos-exercícios do sistema ORQUESTRA de PALAVRAS,
num ambiente de concentração descontraída que privilegia a dimensão lúdica e
afectiva como motor da criatividade e do conhecimento literário e humano.
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